A Feitura de Santo – Parte 3: Nação Jêje
Seja bem vindo ao blog de Júlio Rouberte! Hoje vamos falar sobre a feitura de Santo na nação Jêje, uma tradição com particularidades diferentes da nação Ketu.
A Feitura de Santo na Nação Jêje
A feitura de Santo na nação Jêje possui rituais peculiares em comparação com a nação Ketu. O processo começa com a entrada dos iniciados através dos “Atinsais”, que são árvores sagradas de cada orixá. Os iniciados desmaiam ao passar por essas árvores, inferiores que estão prontos para as obrigações.
Diferente da nação Ketu, na qual a feitura de Santo pode ser determinada através de jogo de búzios pelo zelador de Santo, na nação Jêje, a entrada na obrigações é determinada pelo número de pessoas que desmaiam ao passar pelos Atinsais. O barco para as obrigações deve ser composto por um número específico de pessoas, como 3, 5, 7, e assim por diante.
Uma característica importante da nação Jêje é a presença de uma roça, que é um espaço físico necessário para cultivar os voduns. Essa roça possui elementos como lagos e água de mina em sua estrutura, proporcionando o ambiente adequado para as práticas religiosas.
O Recolhimento e os Rituais
Durante a feitura de Santo na nação Jêje, os iniciados passam por diversos rituais e períodos de recolhimento. O período de recolhimento inicial é de sete dias, nos quais os iniciados não tomam banho. Esse período é essencial para a purificação espiritual e material, eliminando as impurezas do corpo.
Além disso, os iniciados consomem chás e fazem limpezas intestinais durante esses sete dias. Estas práticas, apesar de desconfortáveis, fazem parte do processo de purificação e preparação para as obrigações.
Após o período de recolhimento, os iniciados passam por banhos conhecidos como “Thô”. Esses banhos acontecem de madrugada, geralmente em lagos, proporcionando uma conexão com a natureza e os elementos sagrados.
A Diferença entre Orixás e Voduns
Uma diferença importante entre a nação Jêje e a nação Ketu é a forma como os orixás e voduns são tratados. Enquanto os orixás são escoltados e guiados pelos pequenos pais, os voduns são independentes e autossuficientes. Os voduns não precisam de orientação ou direcionamento, eles seguem seus próprios caminhos.
A Cerimônia do Gra
Outro aspecto importante na feitura de Santo na nação Jêje é a cerimônia do Gra. Essa cerimônia ocorre antes da saída do vodunsi para dar o nome no Candomblé. Durante o Gra, uma energia animalesca chamada de Gra possui o iniciado e permanece com ele por um período determinado, que pode ser de um a sete dias. Essa parte violenta do vodun é controlada e protegida pelos braços da casa.
O Zandró e a Raspagem
No sábado anterior ao Candomblé, é realizado o Zandró, uma cerimônia prévia feita apenas para os membros da casa. Essa cerimônia reverencia os ancestrais do culto. Já a raspagem, que transforma o iniciado em vodunsi, é um momento de grande importância e é acompanhada por atos específicos para cada vodun.
A Final da Feitura de Santo
Após todos os rituais e obrigações, chega o momento da saída do vodunsi do nome e do Candomblé. No sábado, ocorre a cerimônia do Zandro, onde as pessoas dançam e reverenciam os ancestrais. No domingo, acontece o Candomblé, no qual os voduns se manifestam e as pessoas dançam no salão.
É importante ressaltar que uma feitura de Santo na nação Jêje requer um período de recolhimento e cuidados, porém, esse período pode ser adaptado para a realidade de cada pessoa, não sendo necessário ficar um ano ou seis meses recolhido, como antigamente.
Espero que este artigo tenha fornecido uma visão geral da feitura de Santo na nação Jêje. Machado!
